quarta-feira, 20 de setembro de 2017

CLÁSSICOS DO CINEMA






Foi comum, na década de 50, a criação de filmes de ficção científica e horror com gigantescos e perigosos monstros concebidos a partir de explosões atômicas e exposições à radiação. Essa temática foi tantas vezes explorada nesse período, que fazer o levantamento de todos os filmes produzidos seria uma tarefa difícil, mesmo porque, entre cinco obras de qualidade, apareceram vinte feitas em fundo de quintal com monstros de classe Z pra lá de trash.

No entanto, todas elas, por si só, têm o seu valor e o seu destacado reconhecimento como diversão garantida, não valendo a pena e não havendo necessidade de desprezá-las – mais fácil é curtí-las.

Filmes como O Monstro do Mar (The beast from 20.000 fathoms, 1953), O Mundo em Perigo(Them!, 1954), Tarântula (Tarantula, 1955), O Monstro do Mar Revolto (It came from beneath the sea, 1955), O Escorpião Negro (The black scorpion, 1957), Fúria de uma Região Perdida(The deadly mantis, 1957), entre outros, se enquadram perfeitamente dentro desse parâmetro.

Entretanto, hoje em dia, todos esses filmes podem ser considerados como verdadeiros clássicos, já que serviram de base para as produções que se aproveitaram da mesma temática nas décadas de 60, 70 e 80, além de inspirar refilmagens e tributos, inclusive na década de 90, onde os efeitos especiais alcançaram um nível jamais imaginado.

E isso não é tudo, pois esses filmes feitos em torno dos progressos científicos confrontaram diretamente com outra linha que a ficção científica explorava na década de 50: a das invasões alienígenas. Apesar de tudo, ambas as vertentes não competiam propriamente; os drive-in’s da época enchiam e o público se divertia muito quando qualquer uma delas estava em exibição. Quando o mestre da animação cinematográfica estava por trás da produção, tudo ficava ainda mais interessante e curioso.



Em 1955, quando foi lançado o filme O Monstro do Mar Revolto, Ray Harryhausen ainda era pouco conhecido, e não despertava interesse maior além do que já vinha sendo realizado. Responsável pelos efeitos dos filmes anteriores Might Joe Young(1949) e O Monstro do Mar (não confundir com O Monstro do Mar Revolto), o mais novo filme do mestre era encarado, novamente, como mais uma produção caprichada realizada a partir das técnicas do stop-motion, ainda que suportada estritamente por um orçamento modesto.

Os efeitos dessa técnica já fascinavam o público, que a reconhecia como moderníssima e inovadora, fazendo, portanto, com que o novo filme se tornasse um grande sucesso. De fundamental importância foi, também, a excelente produção de Charles H. Schnner, que trabalharia incansavelmente ao lado de Harryhausen em quase todos os filmes do mestre a partir daí.



Nesse clássico preto & branco dos anos 50, um gigantesco polvo de seis tentáculos (?) é acordado de seu estado de suspensão no fundo do mar por testes de Bomba-H e torna-se radioativo. Enquanto cientistas tentam descobrir um jeito de destruir a criatura, o gigantesco (gigantesco mesmo!) molusco octopus causa pânico e destruição na cidade de São Francisco, levando à baixo a famosa Golden Gate. Por fim, depois que o pânico e a histeria já arruinou tudo, os cientistas descobrem que a única maneira de destruir o monstro é utilizando métodos semelhantes aos que o acordaram: com poderosos submarinos da marinha, são lançados mortíferos torpedos elétricos na cabeça da criatura, causando a sua destruição.



Dirigido por Robert Gordon a partir de uma história de George Worthing Yates e com um elenco básico da época (formado por Donald Curtis e Faith Domergue, entre outros), O Monstro do MarRevolto alcançou um reconhecido sucesso, chegando a inspirar algo similar em 1977, Tentáculos (Tentacles), de Oliver Hellman, onde, novamente, efeitos radioativos geram um polvo gigante (só que dessa vez com oito tentáculos…)

Na realidade, Harryhausen deu início à produção do seu filme em 1953, mas, problemas de ordem maior envolvidos com a própria produção, o obrigaram a deixar o projeto de lado por um tempo e continuar a produzir uma história infantil chamada Tje tortoise and the hare (A tartaruga e a lebre).

Mas os filmes de monstros eram bem melhor acolhidos pelo público e ele resolveu levar em frente O Monstro do Mar Revolto e em 1955 o filme estava finalizado. Os motivos que o levaram a criar um polvo de seis tentáculos eram estritamente de ordem financeira, como afirmou o próprio animador, já que não havia também tempo para realizar o movimento de todos os oito tentáculos. Esses problemas seriam superados a partir dos próximos filmes, que, inclusive, passariam a exibir um verdadeiro desfile de criaturas, e não a utilização de apenas uma, como era comum. Esse é o caso de seu primeiro grande clássico colorido Simbad e a Princesa (1958) e dos que o seguiram.

Inclusive um polvo gigante voltaria a atacar num outro filme animado por Harryhausen e produzido por Charles Schnner, A Ilha Misteriosa(Mysterious Island, 1961), de Cy Endfield, baseado numa famosa obra de Júlio Verne.



O reaproveitamento de miniaturas era uma constante nessas obras de animação; talvez a criatura do Monstro do Mar Revolto tenha sido uma das primeiras, mas com certeza não seria a última.

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